quinta-feira, 19 de abril de 2012

2 comentários:

  1. Mulher mais adorada!
    Agora que não estás, deixa que rompa
    O meu peito em soluços!
    Te enrrustiste
    Em minha vida;
    E cada hora que passa
    É mais por te amar;
    A hora derrama
    O seu óleo de amor,
    Em mim, amada...
    E sabes de uma coisa?...
    Cada vez
    Que o sofrimento vem,
    Essa saudade
    De estar perto,
    Se longe,
    Ou estar mais perto
    Se perto – que é que eu sei!
    Essa agonia
    De viver fraco, o peito extravasado
    O mel correndo; essa incapacidade
    De me sentir mais eu.
    Orpheu; tudo isso
    Que é bem capaz de confundir o espírito
    De um homem – nada tem importância
    Quando tu chegas com esta charla antiga
    Esse contentamento, essa harmonia
    Esse corpo!
    E me dizes essas coisas
    Que me dão essa força, essa coragem
    Esse orgulho de rei.
    Ah, minha Eurídice,
    Meu verso, meu silêncio, minha música!
    Nunca fujas de mim!
    Sem ti sou nada
    Sou coisa sem razão, jogada,
    Sou pedra rolada.
    Orpheu menos Eurídice...
    Coisa incompreensível.
    A existência sem ti é como olhar para um relógio
    Só com o ponteiro dos minutos.
    Tu És a hora, és o que dá sentido
    E direção ao tempo, minha amiga
    Mais querida!
    Qual mãe, qual pai, qual nada!
    A beleza da vida és tu, amada
    Milhões amada!
    Ah! Criatura!
    Quem poderia pensar que Orpheu:
    Orpheu,
    Cujo violão é a vida da cidade
    E cuja fala, como vento à flor
    Despetala as mulheres – que ele,
    Orpheu ficasse rendido aos teus encantos!
    Mulata, pele escura, dente branco
    Vai teu caminho que eu vou te seguindo
    No pensamento e aqui me deixo rente
    Quando voltares, pela lua cheia
    Para os braços sem fim do teu amigo!
    Vai tua vida, pássaro cantante
    Vai tua vida que estarei contigo!

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